29 junho 2006

Encantamentos

Gente, como as minhas esquisitices ainda não acabaram, mas estão repousando proa uma outra oportunidade, hoje vou colocar textos, frases, pensamentos e citações de Rubem Alves. Êta autor magavilhoso!!!!!!
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Segue algumas coisinhas que eu retirei do site dele: www.rubemalves.com.br
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Solução: O carro está vazio, com as duas portas abertas. Se apenas a porta do motorista estivesse aberta a gente concluiria que ele saiu do carro para fazer xixi. Se as duas portas estão abertas é por que no carro havia duas pessoas: um homem e uma mulher. Normalmente homens não vão juntos passear nas matas em conversíveis vermelhos. Por que saíram com tanta pressa? Onde estarão? O que estarão fazendo agora? A fisga da propaganda não está naquilo que se vê; está naquilo que ela faz imaginar.
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HELENA KOLODY
DOM: “Deus dá a todos uma estrela. Uns fazem da estrela um sol. Outros nem conseguem vê-la.”
SABEDORIA: “Tudo o tempo leva. A própria vida não dura. Com sabedoria, colhe a alegria de agora para a saudade futura.” ( Poemas selecionados – Helena Kolody, Editora Positivo, Curitiba ).
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“Podemos ter um grande talento e sermos estúpidos de sentimentos e moralmente imbecís.”Do sentimento trágico da vida, de Miguel de Unamuno
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QUERIDO... Não temos consciência do poder de uma única palavra. Escrevendo a um amigo bem mais velho do que eu, comecei a carta ( ele não usa e-mail) assim: “Meu querido Ismael...” Ele me respondeu: “É a primeira vez na minha vida que uma pessoa me chama de querido...”
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“ESTOU RESOLVIDA”...: Encontrava-me na sala de recepção de uma empresa. Puxei assunto com a recepcionista. Conversa vai conversa vem ela me perguntou: “Qual é a sua profissão?” “Eu sou psicanalista”, respondi. Ela se assustou, parou, gaguejou. Há pessoas que pensam que psicanalistas são seres com capacidades paranormais, dotados de poderes para ler os pensamentos dos outros. Ela então falou rápida: “Eu já tive problemas mas fiz terapia e hoje estou resolvida.” Perguntei então: “E quando se deu o óbito?” “O óbito?”, ela retrucou sem compreender. “O óbito sim,” eu respondi. “As únicas pessoas resolvidas que conheço estão no cemitério...”

T.S. Eliot se refere a um momento da vida quando se atinge “a liberdade íntima do desejo prático, quando se está livre da obrigação de fazer, livre das compulsões internas e externas...” Citei esse texto de Eliot num dos meus livros. O revisor se horrorizou. Imaginou que eu havia me enganado. Corrigiu a minha tradução e assassinou Eliot. Escreveu: “a liberdade íntima para o desejo prático...” Desejo prático é o desejo de fazer coisas. Nunca havia passado pela cabeça do revisor, certamente um ativista político, que existe na vida um delicioso momento de vagabundagem. Quando as mãos nada têm a fazer por obrigação. É nesse momento de vagabundagem que as coisas que haviam permanecido sufocadas durante a vida inteira pela obrigação prática de fazer começam a fazer o que querem. Max Weber confessou que suas melhores idéias lhe vinham quando caminhava distraído pelas ruas de Heidelberg. As idéias vêem quando não as estamos buscando. E quando aparecem ficamos surpresos. “Eu não procuro, eu encontro”, dizia Picasso.

Eu tenho a impressão de que as crianças que moram em nós são eternas. Não envelhecem. Tal como acontece nos gibis. Os sobrinhos do Pato Donald até hoje são pirralhos. E também o Calvin... Alberto Caeiro era da mesma opinião. Ele fala da eterna criança que o acompanhava sempre e que lhe fazia cócegas, brincando com as suas orelhas. Assim a gente vai ficando velho por fora, as linhas do rosto marcando a verticalidade. Mas é só a criança acordar para que o rosto velho se ponha a brincar...

Na escola eu aprendi complicadas classificações botânicas, taxonomias, nomes latinos – que esqueci. Mas nenhum professor jamais chamou a minha atenção para a beleza de uma árvore ou para o curioso das simetrias das folhas. Parece que, naquele tempo, as escolas estavam mais preocupadas em fazer com que os alunos decorassem palavras que com a realidade para a qual elas apontam. As palavras só têm sentido se elas nos ajudam a ver melhor o mundo. Aprendemos palavras para melhorar os olhos.

Havia um homem apaixonado pelas estrelas. Para ver melhor as estrelas ele inventou a luneta. Aí formou-se uma escola para estudar a sua luneta. Desmontaram a luneta. Analisaram a luneta por dentro e por fora. Observaram os seus encaixes. Mediram as suas lentes. Estudaram a sua física ótica. Sobre a luneta de ver as estrelas escreveram muitas teses de doutoramento. E muitos congressos aconteceram para analisar a luneta. Tão fascinados ficaram pela luneta que nunca olharam para as estrelas.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

"Ele fala da eterna criança que o acompanhava sempre e que lhe fazia cócegas, brincando com as suas orelhas". Adorei essa frase que o Rubem Alves falou de coisas que o Alberto Caeiro falava.,.,., assinado: alguém que meche na orelha.,.,. rsssss.,.,. ps: d+ esse post, deu vontade de ler Rubem Alves.,.,. beijo.,.,

junho 30, 2006 2:32 da tarde

 

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