15 abril 2006

Faço dessas palavras, minha vida

Metade
Oswaldo Montenegro
Composição: Oswaldo Montenegro


Que a força do medo que tenho não me impeça de ver o que anseio que a morte de tudo o que acredito não me tape os ouvidos e a boca pois metade de mim é o que eu grito mas a outra metade é silêncio.
Que a música que ouço ao longe seja linda ainda que tristeza que a mulher que eu amo seja pra sempre amada mesmo que distante porque metade de mim é partida e a outra metade é saudade.
Que as palavras que falo não sejam ouvidas como prece nem repetidas com fervor apenas respeitadas como a única coisa que resta à um homem inundado de sentimento porque metade de mim é o que ouço mas a outra metade é o que calo
Que essa minha vontade de ir embora se transforme na calma e na paz que eu mereço que essa tensão que me corrói por dentro seja um dia recompensada porque metade de mim é o que pensoe a outra metade um vulcão.
Que o medo da solidão se afaste que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que me lembro ter dado na infância porque metade de mim é a lembrança do que fui e a outra metade não sei
Que não seja preciso mais que uma simples alegria pra me fazer aquietar o espírito e que o teu silêncio me fale cada vez mais porque metade de mim é abrigo mas a outra metade é cansaço
Que a arte nos aponte uma resposta mesmo que ela não saiba e que ninguém a tente complicar pois é preciso simplicidade pra fazê-la florescer porque metade de mim é platéia e a outra metade é a canção
E que a minha loucura seja perdoada porque metade de mim é amor e a outra metade também.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Gisele, esse lance de metade é complicado heim, eu ja vi um post com o mesmo temo em outro blog e vc sabe no que deu...deu no que deu!!!!!!!! Mas de qq forma muito bonito este texto!

abril 15, 2006 4:49 da tarde

 
Anonymous Anónimo said...

Nuss que profundo!

abril 17, 2006 8:32 da manhã

 

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